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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A flor bela perdeu o perfume...



Flor morta
A flor dorme nos dias frios e nos dias
quentes.
Ainda brilha, mas corre assustada
abatida e carente.
Tem rezado mais do que o padre
santo que benze gente.
A flor bela perdeu perfume, perdeu
o sangue quente.
Morreu sorriso, morreu no ventre.
A flor murchou, mas deixou semente.
Deixou saudade, deixou dores, deixou
sabores e seus gestos latentes.

WMarques 




Foto - meu jardim

terça-feira, 17 de abril de 2018

Viver a vida intensamente....



Tenho um instinto só meu.

 Gosto de viver assim, sem limites, fazendo a vida se moldar em mim. 

Brinco com o tempo, contrariando sua exatidão. 

Nada pode ser sério demais. Sigo os ponteiros do meu coração. 

Sou de um jeito exagerado, sou o espanto por não ter na fala a pausa precisa.

 Sou borboleta arisca, que arrisca, à espera da flor mais bela.

Sou a cada minuto, a sugestão de um momento.

Sou sentimento, apego, carinho, a falta.

Por quanto tempo eu viver, seguirei achando que ainda não amei o suficiente.

 Sou só eu mesma a todo instante.

Patty Vicensotti

quarta-feira, 4 de abril de 2018

A arte de ser feliz...

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meireles





Foto - Estrada Resende - Arapeí