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terça-feira, 18 de abril de 2017

Adeus, meus sonhos....


Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Álvares de Azevedo 








Foto - Amor Perfeito -Jardim - Resende/RJ

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Necessito do mar.....


Necessito do mar porque me ensina:
não sei se aprendo música ou consciência:
não sei se é onda ou onde ou ser profundo
somente rouca voz ou deslumbrante
suposição de peixes e navios.
O fato é que até quando estou dormindo
de algum modo magnético circulo
na universidade do marulho.

Não somente conchas trituradas
como se algum planeta estremecido
participara paulatina morte,
não, do fragmento reconstruo este dia,
de um cavaco de sal e estalactite
de uma colherada o deus imenso.

O que antes me ensinou eu guardo! É ar,
um incessante vento de água e areia.

Parece pouco para um homem jovem
que aqui chegou para viver seus incêndios,
e no entanto era um pulso que subia
e descia ao seu abismo,
o frio do azul que crepitava,
o desmoronamento de uma estrela,
o terno desprender-se de uma onda
desperdiçando neve com a espuma,
o poder quieto, ali, determinado
como um trono de pedra no profundo,
substituiu o lugar que acreditavam
tristeza tenaz, amontoando olvido,
bruscamente mudou minha existência:
minha adesão ao puro movimento.

Pablo Neruda









Foto - Trindade, Paraty/RJ

segunda-feira, 6 de março de 2017

Despedidas....



Começo a olhar as coisas
como quem, se despedindo, se surpreende
com a singularidade
que cada coisa tem
de ser e estar.
Um beija-flor no entardecer desta montanha
a meio metro de mim, tão íntimo,
essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas
quanto mais habito a noite!
Nada mais é gratuito, tudo é ritual
Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm os que amando tudo o que perderam
já não mentem.
 Affonso Romano de Sant’Anna 

domingo, 22 de janeiro de 2017

Sê...



Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Douglas Malloch

#3/52semanasdegratidão





Foto - Serrinha do Alambari, Resende/RJ